Introdução
Os esportes têm função primordial na sociedade, seja pelos benefícios à saúde advindos da sua prática, seja pelo entretenimento e toda movimentação de dinheiro, pessoas e troca de cultura que ocorrem por sua causa.
Como há esse lado competitivo e bastante monetário do mundo esportivo, cria-se a necessidade de desenvolver novas tecnologias e técnicas com objetivo tanto de melhorar a performance de atletas de alto nível e a experiência dos praticantes, quanto de desenvolver tecnologias que podem ser utilizadas em outros setores da sociedade. Nesse cenário de desenvolvimento, a engenharia passou a ter um papel fundamental nesse processo de inovações.
Engenharia no Automobilismo
Um exemplo perceptível e muito citado da engenharia atuando em esportes é no automobilismo, onde uma equipe de engenheiros trabalha para criar inovações que melhorem o desempenho do carro como um todo. Isso envolve estudos sobre: aerodinâmica, sistemas internos (motores, suspensão, e outros mecanismos) e materiais para produção das peças.
Exemplos de inovações do automobilismo:
- Sistema de dupla embreagem para melhorar a eficiência da troca de marchas e evitar falhas;
- Freio a disco, que otimizou o sistema de freio possibilitando maior segurança nesse sistema, evitando falhas e acidentes;
- Retrovisores, que antes de 1920 não eram utilizados em carros de passeio;
- Utilização de fibra de carbono em várias peças dos automóveis, já que o material é altamente resistente à corrosão e ao calor, e é um material mais leve que os aços.
Engenharia em outros esportes
Assim como no automobilismo, a tecnologia transformou outros esportes e a maneira de estudá-los. Nesse cenário, a engenharia passou a ser, ainda mais, fundamental na coleta e análise de dados, a fim de melhorar o desempenho dos atletas. Dessa forma, o esporte passou a ser um grande campo de testes para desenvolvimento de novas tecnologias, a princípio focadas exclusivamente nos atletas. No entanto, esses avanços e descobertas contribuíram para os praticantes do esporte e para pessoas fora do mundo desportivo, o que é evidenciado nos exemplos abaixo:
Atletismo:
No atletismo, há uma relação em comum entre as diversas modalidades, o grande contato dos pés do atleta com o solo e os impactos gerados pelo esporte (lesões e desgaste do atleta). Com base nestes pontos, foram realizados estudos com o uso de softwares de simulações e monitoramento dos atletas, que ajudaram a desenvolver tecnologias para os calçados, com objetivo de diminuir o desgaste dos atletas e melhorar a velocidade atingida por eles.
Embora o enfoque foi o resultado desportivo, o estudo ajudou a minimizar diversas doenças ortopédicas e melhorou o conforto de diversos modelos de calçados presentes no cotidiano.
A imagem abaixo demonstra a utilização de software computacional para estudo da aerodinâmica no esporte.
Futebol Americano:
Não é segredo que o futebol americano é um esporte de altíssimo impacto e grande risco. Por este motivo, também não é nenhuma surpresa o fato de estarem sendo desenvolvidos capacetes especializados com o objetivo de reduzir lesões causadas por pancadas na cabeça. Segundo a revista científica Journal of Neuroscience, a adição de uma camada extra de material amortecedor nas partes frontal, lateral e traseira do capacete reduz significativamente o impacto causado por colisões durante o jogo.
Esportes Paralímpicos
Apesar das regras e regulamentos dos esportes paralímpicos serem bastante rígidas a respeito dos equipamentos e ferramentas utilizadas por seus atletas, isso não impede que, a cada competição, sejam desenvolvidas novas maneiras de aperfeiçoar e melhorar estes dispositivos. Cadeiras de rodas especializadas e próteses cada vez mais tecnológicas são apenas alguns exemplos de como a engenharia contribui para o melhoramento dos esportes paralímpicos.
Engenharia desportiva
Devido a esse aumento da importância da engenharia no esporte, foi desenvolvida uma área específica voltada para o ambiente desportivo, a engenharia desportiva. É um ramo da engenharia mecânica que engloba:
- Projeto de equipamentos e materiais;
- Testes e experiências em laboratório de novas tecnologias e seus impactos nos atletas;
- Modelagem e simulação computacional;
- Teste e análise de campo – monitoramento de atletas durante a prática do esporte e posteriormente análise desses dados;
- Avaliar efeitos de mudança de regras/tecnologias para os atletas;
O curso de engenharia desportiva já é ministrado por faculdades renomadas como a Universidade Sheffield Hallam da Inglaterra e a Universidade de Adelaide na Austrália, além de diversas outras que possuem pesquisas de mestrado e doutorado ou cursos optativos acerca do tema em sua matriz curricular.